sábado, 1 de novembro de 2014

A Antropologia e o relativismo do conhecimento

               A antropologia não deve formular sistemas nem prescrever condutas, nem tampouco conceituar paradigmas. A postura do antropólogo é de um inquietador, na busca constante de algo que nunca encontra. A grandeza de seu pensamento e a magnitude de suas ideias consistem exatamente no fato de que não há nada absolutamente correto, como também não existem conceitos totalmente incorretos.Se o conhecer não é absoluto,o não conhecer é relativo. Depende do que se quer aprender.A idéia do conhecer depende da forma do conhecer.Quando o velho marinheiro falava de suas experiências pelos mares que passou, ao terminar seu relato; a criança que o ouvia atentamente levantou a vista e, olhando para o velho marinheiro, exclamou:"eu também conheço o mar".O poeta e o astronauta falam das estrelas, o físico e o filósofo falam do universo, o hidrólogo e o nadador conhecem o rio, o turista e o urbanista a cidade. No conceito relativista, o conhecer de um não é superior ao de outro. Depende do que queremos conhecer; se o brilho das estrelas, ou a forma com elas estão ordenadas.Se um universo com a totalidade dos mundos, refletindo sobre sua criação, ou o universo e sua mecânica funcional. Se quero conhecer as propriedades de um rio, ou o movimento de suas águas; se quero conhecer a forma como a cidade foi concebida, com seu espaço foi traçado, ou se quero conhecer a vida da cidade e seus atrativos. Para cada forma de conhecimento, uma experiência. O conhecer portanto (prefiro o conhecer da criança, às experiências do marinheiro), depende dos fatores contextuais e varia de acordo com as circunstâncias, as "idéias que os homens têm de certo e de errado variam de um lugar para o outro". Se nada é absolutamente certo, as incertezas são relativas.Portanto,as crises da antropologia,engendradas pelas incertezas, é que reside uma das vantagens da mesma:"é que ninguém sabe exatamente o que ela é".
              Se não conhecí o suficiente par responder os que me questionam, pelo menos aprendí a questionar sobre o conhecer.  Como diz Guimarães Rosa:"O real não está na saída nem na chegada, ele se dispõe para a gente no meio da travessia".O importante é trilharmos  pelo relativismo das incertezas com a prudência de um filósofo e o espírito de um bandeirante.
                O que eu acho temerário no relativismo é o fato de sermos tentados a generalizações.Não sei se caí nessa armadilha, todavia fica a advertência do pensador:"quando não se conhece um idioma parece que todos os livros escritos naquela língua são iguais".
            

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